segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ao centro

E de quem é essa jornada infinita e que nunca termina? Em meio a obstáculos e turbulências, os torcedores de plantão são meros adornos. Ouvi-los pode trazer glória ou derrota. Pior ainda comparar-se com eles; o atalho do desespero não ajuda ninguém.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Insônia

A luminária apagada me olha de cima da cômoda. Tenho medo de olhar o relógio e descobrir que já passou muito tempo. As veias nas costas das minhas mãos sabem exatamente quanto. Talvez eu tenha me enganado - não sei se tive a intenção. Mas jurei que seria capaz de dormir. Em outro país. Na lua, não, que não sou capaz de mentir em largas distâncias. Dizem que falta pouco para eu acordar. Não há certezas, só uma vela que teima em queimar. Mau-olhado.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Alice

As luzes se apagam e minha mente não desliga. Visito lugares que não existem mais e que, ainda assim, provocam uma ausência desesperada em mim. Se o território é incerto, é mais provável que meu peso. Pedras largas não me servem de âncoras. Haja oceano. Talvez um acidente geográfico dê a tônica do meu espaço físico. Ondas magnéticas. Sinais de fumaça. Não sei em que direção flutuam. Alguém tem que me atirar a bóia. Antes que eu desapareça no chá das 5. Estou atrasada. Espero um dia chegar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Soul

Entre a beira do rio Tejo e a do Hudson, muita água. Saudade agarrada em outro porto. Raízes soltas onde sempre estiveram. Mas há uma vida que cresce e me transforma. Tanta que transborda. Nem Irene foi capaz de um estrago assim.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Balanço

Plantei rugas de esperança em olhos que ainda não conheço. Trouxe a respiração para perto do meu retrato. Ainda não fui capaz de esvaziar os meus bolsos. Quantas pétalas é preciso para voar?

terça-feira, 1 de março de 2011

Palco

Atravesso as paredes mas não encontro desculpas. Minhas marcas lavam seus erros. O sabão escorre como meu passado. Aquele que não conheço.
Que toque a música. A maquiagem está pronta. O espetáculo vai começar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rio

Besta, o Tejo faz questão de aparecer na minha janela. Só para me lembrar que ele é só uma pincelada de azul em um dos cantos do País. Que não é o meu.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Utopia

Nascemos e confundimos tudo. Mexemos com tudo. Nosso umbigo fica intacto. É fácil saber quando se olha para ele todos os dias. Difícil ver os olhos. Trazem muitas conclusões. Parí-las dói muito. Há que se evitar pensar. Ou sentir. Tentar passar ileso. E ir embora. Com glórias. E um peito vazio. Alguns chamariam de heresia. Desperdício, talvez. Eu digo que é sabedoria. Daquelas que jogam no nariz da gente. E, mesmo assim, não se aprende.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sem ação

Parado entre um ponto e outro. Rodeado por uma multidão. Aos pés de mãos santificadas. O verbo, carne do início do mundo. Cerne de uma sentença.